quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O ESSENCIAL.


Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha

um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

E não entraves seu uso

aos que têm sede.

CORALINA, C. Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 2001.

Na frase: Faz de tua vida mesquinha um poema.Essa palavra me intrigou, talvez por darmos a ela uma conotação distorcida.Vamos então ao meu amado amigo Caldas Aulete: Mesquinho, adj.
pobre, indigente,FALTO DO NECESSÁRIO, OPRIMIDO PELA NECESSIDADE E PRIVAÇÕES.
O que pode mais oprimir uma alma sensível que ver-se privada de seu alimento essencial?
E o que é essencial?Para não ficar dúvidas, de novo o Caldas Aulete:Da metafísica:O que faz com que uma coisa seja o que é, o que há de indispensável para uma coisa existir tal qual existe, a sua natureza íntima,o seu modo de ser especial. Adjetivo:que constitui a essência de alguma coisa, pertencente a essência ou a natureza própria de uma coisa: Qualidade essencial; a razão é essencial ao homem.
Falto do necessário...Lembram do urso Balu, no filme Mogli, Disney, anos 70?
Necessário , somente o necessário, o extraordinário é demais...por isso é que essa vida eu vivo em paz.
Então pra quem gosta de pensar, pensemos: Temos vivido em busca do necessário, ou já perdemos essa referência , enganados e iludidos que estamos pelo supérfluo do mundo contemporâneo?
Essencial e real, o que há de comum nesses dois conceitos?
O que é real ?(e isso se aplica também a metafíca que embora de maneira diferente tem como se patentear de forma real no nosso pensar e agir).
C.A: adj, que tem existência verdadeira e não fictícia ou imaginária.
Nesses tempos de blogs , sites e a grande rede de comunicação, penso que temos perdido esse sentido do real, é tudo tão prazeroso, clicar, ver, conversar, que nem sequer perguntamos até que ponto essa experiência é real para nós , em quê ela tem acrescentado de experiência e melhoria de nossa personalidade; ou apenas usamos esse meio de forma tão compulsiva e ansiosa que sequer percebemos que o conceito de real pode ser metafísico, transcender o visível e palpável.
Podemos de toda vivência extrair algo de real para nossas aquisições pessaois, na forma de amizade, portanto de afeto compartilhado por ideais parecidos, na forma de mundos que podemos visitar, mas cuidado! Para não incorrer na ilusão, de que podemos fazer tudo isso sem sair do lugar.
O essencial a toda experiência humana é sempre sair do "lugar", mover em direção ao novo ou ao outro. Senão não há fixação, não há experiência real, há apenas o ocupar de tempo sem aproveitamento para o espírito.
Então o essencial como diz Cora Coralina, é ajuntar novas pedras e construir, poemas de vida real dentro de sua experiência mental, faze algo, isso é essencial a experiência humana, o fazer, e quanto a recomeçar, que tal fazê-lo com calma e análise de tudo aquilo que te rodeia as horas? Começe tirando dai , da rotina e dos lugares frequentados, pedras novas pra recomeçar uma vida mais real, mais preenchida de significado e menos de coisas e conceitos que não se aplicam a voce?Não se deixe ter uma vida mesquinha, em que te falte o necessário, e o necessário ao homem é a razão . Use-a tenha experiências reais, seja pleno, fisicamente e metafisicamente, transcenda a seus próprios paradigmas, seja apenas plácido. *BRANDO, PRUDENTE,PACÍFICO.