quarta-feira, 31 de outubro de 2012

LAICO?




 Ontem me intrigou essa palavra colocada em situação que não pensei fosse pertinente, mas ao buscar mais detidamente seu sentido descobri que além de certa ela se aplica a questões mais várias que eu podia pensar.
Do dicionário Caldas Aulete( em papel): Laico, adjetivo(sua classe de palavras), leigo ( sua definição), por oposição a eclesiástico.
Ainda no mesmo dicionário busco por leigo. Leigo, que ou quem não tem ordens clericais.
Busco então o dicionário de Latim. UM leigo, artigo definido, portanto se aplica ao indivíduo, não as massas.
Agora passemos as considerações que achei oportunas.
Nós pensávamos que leigo era, ser ignorante apenas, mas ignorância traz mais uma definição interessante de ser apreciada.
Ignorância, estado de quem ignora; falta de saber, de ciência, de conhecimentos, de instrução.
Aqui cabe a pergunta que me interessa: Quem daria a instrução? O clero? A escola?
Instruir também é palavra esclarecedora: ensinar, dar instrução a, doutrinar.
Alguém já se perguntou onde estaria a LIBERDADE?
Aprender não pressupõe doutrinar, escolarizar e muito menos sob os auspícios constrangedores da razão e da liberdade de pensamento que é o Clero.
Mas muitos pensarão que vivemos num mundo moderno, científico, que devo estar enganada em pensar que até hoje o clero domine a educação.
O problema é que o domínio é tão sutil que passa despercebido, essa história de doutrina, de constrangimentos seculares permanece em nossa educação hoje tão viva quanto foi na idade média, não se enganem os modernos que pensam que existe ar correndo dentro das salas de aula. Não há ar nenhum. O que há é uma rotina sufocante dura limitadora da curiosidade (mãe do aprendizado), o que há ainda é sim um clero mais perigoso, sob o nome aparentemente democrático de ESTADO, que desmerece todas as diferenças culturais, e não pensem que essa novidade da inclusão dos diferentes soluciona o problema, pois não soluciona. Incluir pra igualar nessa régua empobrecida de humanidade não é incluir, muito menos educar.
Pensam que o problema da educação se resolve com escola? Enganaram-se.
Educação se resolve com VIDA, amor, dedicação, entrega, de ambas as partes, por isso a educação é uma troca, e trocas tem que ser permeadas por liberdade, com respeito, horizontalidade hierárquica, baseada na moral e não no título.
As universidades hoje, expedem mais títulos do que nunca, mas os titulares são tão analfabetos em sua maioria, pois desconhecem o alfabeto da humanidade: Amor, Bondade, Carinho, Dedicação, Esperança, Fé.
O que a educação hoje soletra folgada e debochada é; Ambição, Bulling, Competição, Delinquência  Escracho, e Fraqueza.
E nós continuaremos a agir como leigos? Não reagiremos? Não daremos as crianças e aos jovens o oxigênio libertador do pensamento fruto da observação e do amor?
Jesus foi o educador por excelência, não oprimia, amava, ensinava indo de encontro do povo e se fazendo um deles, e ao dar a lição deixava a liberdade de vivenciá-la ou ter de retornar ao aprendizado.
Quem tomaremos  por exemplo educativo, o Mestre ou o Estado?
Então deixo aqui um convite: vamos pensar mais no assunto?

sexta-feira, 18 de maio de 2012

POR QUÊ ESCREVER POUCO.




A banalização tem sido um dos piores corrosivos das verdades eternas.
Quando criei esse blog,minha intenção não era encher ansiosamente o mundo de palavras, mas de poucas palavras que tivessem o efeito de um convite revisitável de reflexões sadias em torno de temas aprofundáveis.
A cada vez relido um tema filosófico tem o poder de acordar nosso espírito, de tirá-lo da superfície do empobrecido universo dos chavões.
Por isso escrevo pouco, e releio não só o que escrevo,mas todas as formas de litertura que possam deixar meu espírito mais abrangente,abarcador de horizontes que por enquanto não são perceptíveis de vislumbrar de onde me encontro.
Olhar o horizonte, particularizando certos detalhes, faz-nos ter uma dimensão melhor de espaço e distância.E fotometrantrando do muito distante para o bem perto,podemos dimensionar nossa expressão pessoal e suas proporções em relação ao grandioso espetáculo que nos rodeia.
Então foi pensando desta forma que criei um blog,não para quem gosta de ler, mas para quem gosta de pensar.
Espero que quem o visite possa ter isso muito claro ,e não exigir dessa simples escrevedeira,textos atualizados todo os dias. 
As questões puramente humanas transcendem o tempo,são de sempre,desde que somos sempre humanos.
Será que temos nos lembrado disso em nossas reflexãos diárias?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ESCREVER SIGNIFICA SER ESCRITORA?

Única no gênero , Clarice Lispector dizia escrever só quando queria, para preservar sua liberdade, e também que escrevia para ficar livre de si mesma.
Dessa busca pela liberdade e libertação, temos uma literatura da mais alta qualidade humana.
Ela estava inteira e incógnita em cada frase de sua literaturam sui generis.
Será quê, por buscar essa liberdade e libertação e gostar de escrever, me torno por minha vez , escritora também?
Gosto de escrever, mas é uma escrita muito pessoal, sem escolas que poderiam definir o que escrevo, pois que sempre faço com a alma e minha alma, além de um compromisso estético, tem um compromisso doutrinário, filosófico e religioso e não poderia ser de outra forma pois que só se escreve o que se é , e eu sou essencialmente assim.Esses aspectos não me limitam de maneira alguma, ao contrário são uma liberdade de olhar para os assuntos da vida com uma perspectiva de lógica e de eternidade.
Não tenho aliás, pretensões literárias.
Apenas gosto do exercício de ordenar idéias e torná-las palavras, palavras escritas.
Não tenho um universo fantástico a disposição das palavras.Eu o tenho sim , mas para uso pessoal.
Afinal não há palavra que possa conter o que sinto quando o dia está claro, ensolarado, me invade a alma uma luz...transcendente.
Não sei escrever disso, talvez porque eu não seja uma literata, e isso para mim é óbvio.
Certa vez quando li um texto de Guimarães Rosa, O Espelho, eu entendi isso, do texto eu entendi e abriguei em minha alma tudo que ali era dito, abriguei cada palavra, cada emoção, cada dedução, mas não sei se sou capaz de descrever deduções tão... "eureka". Auto descobrir-se através de um texto é uma coisa, dizer isso de forma literária é outra.
Além do quê, gosto de coisas simples, embora haja momentos de pura sofisticação no olhar que pouso sobre as coisas. Gosto de cores, de sol, de sons da natureza, os mais prosaicos, vejo uma poesia intrínseca em toda expressão da natureza, mas consigo ver também poesia nas coisas que o homem transforma sob a ação de sua vontade.
Ás vezes uma cadeira para mim, pode ter a mesma poesia que um raio de sol.
Mas sentir isso, não estabelece que eu esteja apta a dizê-lo de forma literária. Mesmo porque penso que a literatura deva ser clara e aconchegante, se rebuscar muito perde.
E não se escreve para perder nada e sim para perpetuar.
Por isso gosto apenas de pensar , sentir, viver e hora ou outra, escrever.
Ser escritora...não sei... É um rótulo grande demais.
Encerrando com palavras de Clarice:- porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas,quando escreve, a gente está querendo desabrochar.
Então pensando como amante da natureza, acho que estou mais para flor do mato inculto, que para escritora. E isso me conforta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A RESISTÊNCIA PSICANALÍTICA

Estando em meio a grave processo de perquirição psicológica, me chega as mãos um pretenso livro de soluções financeiras(mas é muito mais que isso), e eu em despretensiosa leitura por tema tão incomum sou totalmente pega de surpresa; o autor me colocou de frente a difíceis enfrentamentos com o ego.
Usando a célebre frase de Young: " Até que você torne consciente a inconsciência, a inconsciência direcionará sua vida e você chamará isso de destino"ele me desafiou. Aceitei o desafio e prossegui.
Para vencer as forças de um destino desastroso e confuso ele pede que você entenda suas motivações profundas, escondidas por detrás de possíveis sonhos materiais, como um carro novo por exemplo. Por detrás desse carro de fato escondo a necessidade de conforto e segurança.
Daí ele leva você a se perguntar:- por quê estou me sentindo insegura e desconfortável?
Esclarece que esse desconforto, vem de desconhecidos embaraços da alma, que acabam se projetando no mundo exterior, boicotando qualquer realização de sentido progressista.
Deixei o livro de lado e fui trabalhar a alma...
Tenho refletido muito nessas lembranças e até com uma coragem heróica, tenho tentado visitá-las, tento fazer uma espécie de linha do tempo, voltando as reminiscências mais antigas e mais do que fatos, tenho buscado"me ver" naquelas ocorrências, perceber de novo como eu via o mundo, como eu agia, que espécie de criança, jovem e adulto eu fui.
Com isso tenho sofrido grandemente de angústia e dúvida, angústia pela rememoração e dúvida quanto ao que fazer com todo esse material mnemônico.
É um trabalho árduo , exige persistência e coragem, mas quando há vontade e firme propósito o universo conspira a favor...
Hoje estava eu procurando em um livro antigo de medicina(ah! como eram boas as publicações antigas...)por um outro assunto, vagotonia, e eis que me deparo com um título nunca antes registrado por mim, já que folheio este livro desde a minha infância. O título " A Resistência", artigo sobre psiquiatria me atraiu e lendo-o me fez entender outros meandros da questão.
A frase introdutória de um parágrafo: " A resistência é arma secreta do ego", me deixou atenta. Explica o artigo que na associação livre de fatos usados para investigação e possível identificação do problema, a resistência se coloca aí exatamente no limiar do inconsciente não nos permitindo acesso, daí ficarmos paralisados em suspenso.
Freud dizia que essa "arma"era usada para proteger o indivíduo da angústia advinda da carga de recordações desagradáveis. Mas...
Mas eu me pergunto, como vencê-la, pois é preciso acessar as recordações para deslindar o processo da angústia paralisante? Como?
Mais adiante no lúcido artigo vem esta afirmação encabeçando novo parágrafo:ASSOCIAÇÃO VENCE-
Animada, pois que vi aí uma saída, me encantei com o parágrafo a ponto de transcrevê-lo na íntegra.
"A associação livre que proporcionou o descobrimento das resistências é a mesma que permite ao indivíduo vencê-las paulatinamente. Quando esta falando sem restrições, o paciente sempre deixa escapar algumas "pontas" das situações encobertas pelo mecanismo de defesa. Com a ajuda do analista, o indivíduo consegue identificar os fatos( que conduziram aos sintomas neuróticos) e discutir seus efeitos para alcançar a cura."
DISCUTIR OS EFEITOS...
Entrar onde esse guardião de pedra , vigia a porta com veemência, já me pareceu ousado, assistir e revivenciar o conteúdo por detrás da porta do consciente já tem sido doloroso. Agora sinto que preciso de uma coragem e um querer fortíssimos para "discutir" os efeitos desse material, tentar achar as pontas e no rastro delas me curar.
Um amigo dizia que curar é por a pessoa de pé, andar é obra individual.
Conto hoje como agentes dessa cura tão buscada , com meu sincero desejo de evolução, a lucidez do Cristo, me orientando os sentimentos com segurança e com os apontamentos desse gênio a quem tanto devemos, Dr. Freud
Agora sei.
Curarei-me.
Ficarei de pé.
Depois caminharei.
Para onde?
Creio que para a luz imorredoura da razão e do bem.