quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ESCREVER SIGNIFICA SER ESCRITORA?

Única no gênero , Clarice Lispector dizia escrever só quando queria, para preservar sua liberdade, e também que escrevia para ficar livre de si mesma.
Dessa busca pela liberdade e libertação, temos uma literatura da mais alta qualidade humana.
Ela estava inteira e incógnita em cada frase de sua literaturam sui generis.
Será quê, por buscar essa liberdade e libertação e gostar de escrever, me torno por minha vez , escritora também?
Gosto de escrever, mas é uma escrita muito pessoal, sem escolas que poderiam definir o que escrevo, pois que sempre faço com a alma e minha alma, além de um compromisso estético, tem um compromisso doutrinário, filosófico e religioso e não poderia ser de outra forma pois que só se escreve o que se é , e eu sou essencialmente assim.Esses aspectos não me limitam de maneira alguma, ao contrário são uma liberdade de olhar para os assuntos da vida com uma perspectiva de lógica e de eternidade.
Não tenho aliás, pretensões literárias.
Apenas gosto do exercício de ordenar idéias e torná-las palavras, palavras escritas.
Não tenho um universo fantástico a disposição das palavras.Eu o tenho sim , mas para uso pessoal.
Afinal não há palavra que possa conter o que sinto quando o dia está claro, ensolarado, me invade a alma uma luz...transcendente.
Não sei escrever disso, talvez porque eu não seja uma literata, e isso para mim é óbvio.
Certa vez quando li um texto de Guimarães Rosa, O Espelho, eu entendi isso, do texto eu entendi e abriguei em minha alma tudo que ali era dito, abriguei cada palavra, cada emoção, cada dedução, mas não sei se sou capaz de descrever deduções tão... "eureka". Auto descobrir-se através de um texto é uma coisa, dizer isso de forma literária é outra.
Além do quê, gosto de coisas simples, embora haja momentos de pura sofisticação no olhar que pouso sobre as coisas. Gosto de cores, de sol, de sons da natureza, os mais prosaicos, vejo uma poesia intrínseca em toda expressão da natureza, mas consigo ver também poesia nas coisas que o homem transforma sob a ação de sua vontade.
Ás vezes uma cadeira para mim, pode ter a mesma poesia que um raio de sol.
Mas sentir isso, não estabelece que eu esteja apta a dizê-lo de forma literária. Mesmo porque penso que a literatura deva ser clara e aconchegante, se rebuscar muito perde.
E não se escreve para perder nada e sim para perpetuar.
Por isso gosto apenas de pensar , sentir, viver e hora ou outra, escrever.
Ser escritora...não sei... É um rótulo grande demais.
Encerrando com palavras de Clarice:- porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas,quando escreve, a gente está querendo desabrochar.
Então pensando como amante da natureza, acho que estou mais para flor do mato inculto, que para escritora. E isso me conforta.

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